24/03/2012

DEUSA... MÃE..MULHER...À TUA ESPERA...

foto pública tirada da net
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DEUSA...MÃE...MULHER...À TUA ESPERA
não é um culto ou religião é a esperança Terra
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um gato mia na madrugada
um cão solta latidos lúgrubes
morcegos esvoaçam agitados sob os telhados
não há pontos luminosos no céu
a noite é cinza de nuvens condensadas
os meus pés tocam o chão de negro
toco em vultos de arbustos entre árvores fantásticas
rumores de pássaros inquietados
África geme no silêncio da sua inquietude
"civilizada" a retalhos desnutrida
de comida de água e de valores humanizantes
sopra o vento de sudoeste
sôfrego de varrer a absurda calmaria
a Ásia emerge das profundezas
contraditada contraditória imersa em obscuros desígnios
vai chover... raios de luz... trovões...
penso na América...na Europa...em plena sintonia
sob o declínio inevitável da abastança
caminho sem rumo na rota cósmica da esperança
tropeço em preconceitos decadentes
falsos pudores abandonados à ética insolvente
o piar do mocho arrepia-me
ou será uma coruja agoirenta ou o chiar do vento
Oceania porque me interpelas de tão longe?
um rato morto dissecado por um vai e vem de formigas
a chuva forte faz um ruído estranho
na folhagem no asfalto no oleado que me cobre
toca-me fria e húmida de silêncio
quebrado no chapinhar pausado dos meus passos
quantos terão sobrevivido?
crucifixos amuletos restos de religiões obsoletas
resquícios de certezas na enxurrada
há quanto tempo caminho na procura da esperança?
dizem-me os sonhos que se refugiou algures
que importa não haverá mais dias meses nem anos
tão só dia e noite sol e lua...estrelas...
e não apenas eu ou nós caminhando a par do tempo
que se regenera em pousio a fermentar
*
quando de súbito um facho de luz intensa na escuridão
me dá a ver da rota recta a dimensão
vultos femininos almas e corpos em passos gigantescos
quero gritar mas não ouço mais que o vento
Ana...Rita...Marta...Maria...Joana...Sofia...Edite...Conceição...
sufoco a memória dói-me o pensamento
Paula...Marisa...Raquel...Rosa..Isabel...Luísa...Leonor...
nem me adiante correr por mais que o faça ou grite não alcanço
mas saber que não vou só dá novo alento
hei-de chegar à meta nova de que almejo a projecção
*
autor: jrg
(pária...apátrida...cidadão da MÁTRIA em construção...)

UM GOVERNO DE VERGONHA !

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UM GOVERNO DE VERGONHA!...
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o senhor Vítor Gaspar
imagino que quando era criança
se entretinha a dissecar insectos ainda vivos
meticulosamente vivos até matar
medindo a resistência mínima da esperança  
perante os actos mais abjectos e altivos
com modos delicados de encantar
*
o senhor Miguel Relvas
imagino que quando era rapaz
era o dono da bola que então rolava
ditava a lei"se não obedeces levas"
a exercitar o tanto faz
ser certo ou errado o que mandava
desde que se curvassem a si o rei das selvas
*
o senhor Passos Coelho
imagino que quando era menino
seria o que nos outros se encobria
o bom aluno que não dobrava nem joelho
usava a mentira d'ardiloso paladino
mandando a outros fazer o que não fazia
a cantar de galo sendo fedelho
*
o senhor Paulo Macedo
imagino que quando era gaiato
já sonhava da saúde vir a ser ministro
seleccionava aranhas para enredo
perseguia os mais fracos subia ao estrelato
com um sorriso falso sem registro
se foi fazendo homem à volta dum segredo
*
assim vai este país
a que chamam Portugal
entregue a estas eminências pardacentas
que dividem um povo em lotes de raiz
a uns servem condimentos a outros refeição frugal
com falas mansas e medidas violentas
não mandam nada se os enfrentam caem dos perfis
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jrg

21/03/2012

PARABÉNS POESIA...


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PARABÉNS POESIA...
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a poesia hoje vestiu de negro luto
detida com pulseira electrónica
soubera eu soltá-la ou ter coragem
de enfrentar o medo e resoluto
purificar o riso na musa tão irónica
soltando o grito inda selvagem
rebelde ao assentimento do oculto
*
mas amanhã já na primavera
vestirá assim tão de mil e tantas cores
e quebrará todas as grilhetas
poetas poetisas ah se eu d'amor pudera
cantarão esperanças e amores
inundarão de paz ao som das pandeiretas
rendidos ao que nela impera
*
não haverá pétalas nem de cravos
nem de rosas sequiosas
desta feita a revolta é toda musical
sopranos cantarão desagravos
as trombetas tocarão hinos furiosas
arrastarão a turba nacional
num delírio de emoções e nervos
*
Homero no Olimpo e já Pessoa
Eluard Cesário e outros mil tantos
escrevem o mandamento
que aos mortais confusos se afeiçoa
a fantasia tece diáfanos mantos
que agitam e fazem medrar o pensamento
quando o medo na alma inda ressoa
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rufam tamboretes e tambores
por esta primavera de luz tão sequiosa
coragem que a esperança se desperta
renasce em poesia livre dos reais temores
na alma duma mulher esplendorosa
que activa a poesia e nela se faz poeta
quebrando o feitiço dos horrores
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jrg

06/03/2012

CATARSE...


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CATARSE
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vejo os abutres
os caça euros dólares e royalties
constituídos em grupos de opinião
que condensam palavras
torrentes de avulsas ideias programadas
que espalham aos ventos
do alto de suas cátedras virtuais
a bem de quem melhor lhes paga o verbo
para que as propostas sejam
condensadas
livres do pensamento objectivo
oblíquas oblongas rombas
aptas a serem interiorizadas no medo
dos inocentes

por comentaristas sociólogos oportunistas

medo de perderem o pão as "certezas"
do incerto caminhar
levado a conta gotas para dar tempo
a quem tem o poder de atinar
o saque mais eficaz à miudezas

e penso
porque  me recuso a não pensar

o porquê desta sociedade do conhecimento
nascida da tecnologia
dirigida por argutos puritanos
de sábios economistas obscuros estrategas
apressada normalizada 
por leis ambiciosas arrogantes prepotentes
ao arrepio da sabedoria
avessa à racionalidade do entendimento
se deixa resvalar para o abismo
do mesmo modo cego absurdo e confiante
que os encarcerados de Auschwitz

"levantai-vos hoje de novo..."
ou pela primeira vez
pelo esplendor da alma humana
contra o Troikismo
e a prepotência desumanizada
vencer! vencer!...

jrg
(pária...apátrida...cidadão da MÁTRIA em construção)

02/03/2012

AS SETE PRAGAS DA HUMANIDADE...SOBRE PORTUGAL E GRÉCIA...

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AS SETE PRAGAS DA HUMANIDADE
SOBRE PORTUGAL  E GRÉCIA...
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1 - engrossa o volume dos desempregados...
2 - os velhos morrem aos milhares, de solidão, frio, fome e indignação...
(que são doenças não contabilizáveis...)
3 - o medo espalha desespero entre os que ainda têm trabalho...
4 - disparam as falências individuais e colectivas...
5 - cresce o desrespeito pela condição humana e os direitos 
universalmente reconhecidos e consagrados...
6 - as condições climáticas estão em constante e contraditória mutação...
7- o poder oligárquico, encapotadamente discricionário
queima os últimos cartuxos, face à emergente revolta dos povos atraídos
pelo conhecimento e a sabedoria
***
jrg
É neste clima à beira da insustentabilidade que ganha valor a ideia duma revolução humanista que altere os dados viciados, desde a origem, por este sistema de organização patriarcal das sociedades humana... os povos exigem uma clarificação da sua existência...livres ou escravos?...liberdade ou submissão ao medo?...dignidade ou humilhação?...pais tiranos ou mães equilibradas?...ódio ou amor?...
proponho que se aprofunde a ideia de MÁTRIA...nos arquivos que ainda existem...na memória que guarda a sensatez e as virtualidades, dum período longo da existência humana...por um novo HUMANISMO...
autor: jrg
(pária...apátrida...cidadão da MÁTRIA em construção...)

QUEM É ESTA GENTE?...



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QUEM É ESTA GENTE ?
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quem é esta gente
que sacrifica os povos até à morte
que estabelece os critérios
e logo os desrespeita e corta rente
que espalha medo e tira o norte
que semeia discórdia entre hemisférios
são os meninos da Entente
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quem é esta gente
que ciclicamente atravessa o planeta
que pontua aqui ali seu desvario
que promete fazer aquilo que não sente
que surge tão veloz como o cometa
orgulhosos sobre a miséria sem desvio 
são os meninos da Entente
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que é esta gente
vampiros sedentos de carniça
que os povos acolhem da nortada
que chafurdam na rapina permanente
têm por ética apenas a cobiça
jogam aos dados a sorte premeditada
são os meninos da Entente
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autor: jrg