27/09/2008

O DIA "D" DA ALMA APAIXONADA - Parte (III)

Cristina subiu ao quarto em passo rápido para que quando Samu chegasse já estivesse pronta, para evitar que subisse, que precipitasse os acontecimentos, o que se previa e não lhe desse tempo de pensar de refazer de dentro de si as emoções que vivera nas últimas horas e resolver as dúvidas que se instalaram.
Tomou um banho rápido e trocou de indumentária. O vestido agora era de tom rosa claro. Colocou uma cor no rosto para afastar a nuvem negra que sentia junto aos olhos.
Tinha a plena convicção que iria haver sexo. Para Anastácio Bandarra não. Ele dizia que era possivel amar alguém intensamente, viver com esse alguém sem uma permuta de sexo. Amar só. Vitória achava essa ideia de Bandarra o máximo do seu pensamento extrovertido.
Olhou-se ao espelho grande da casa de banho e sorriu. Sentia-se tão eufóricamente decidida. Tudo apontava para dar certo.
O telefone. Era da recepção a anunciar Samu.
_Desço já.

Porque me tremeu a voz? Que desassossego é este que me torna um empecilho de mim própria? É como se me visse do lado de fora de mim e me achasse numa situação ridícula e vazia de significado na distância posterior do tempo. Como se me visse mais além, não já eu, ainda, mas uma outra de mim, em equilíbrio, serena e confiante, feliz.
Abraçaram-se e ele beijou-a levemente nos lábios trémulos que ele julgou de prazer. O abraço forte e ela frágil a deixar-se conduzir, a confiar-se naquele colosso do saber.
Jantaram no restaurante do hotel e falaram de projectos. O divórcio dela. o filho de 3 anos que adorava o pai, quase 3 anos. E se ele se obstinasse e litigasse a posse do filho?
Por ele, Samu, Cristina podia ver nele um pai terno e abnegado, porque era filho dela e ele amava-a. Amaria o seu filho, educá lo-ia como um bom pai.
Cristina sorria. Aos poucos ia ganhando confiança em si própria. Soltava gargalhadas do jeito burlesco como ele falava do mundo das palavras.
Estava decidida. Logo que ele Samu lhe propusera que casassem, que partilhassem o projecto comum do consultório de consulta e apoio matrimonial, lhe confessara que a amara sempre, que a amava como uma alma única em todo o Universo.
Fez-se um silêncio. Cristina não pôde deixar de pensar em Anastácio Bandarra e nas palavras proféticas, " ninguém te amou nunca como eu te amei" "amarte-ei sempre"..."amarte-ei sempre"... a martelar as frontes latejantes.
_Passa-se alguma coisa, Cristina, meu amor.
_ Não Samu, desculpa, foi uma nuvem de excesso de emoções do dia. Se houvesse um sitio para dançar, descontrair...
As mãos dele nas dela, como elos de uma cadeia que se iniciava.
O hotel tinha um espaço de dança que se situava no topo do edifício de 12 andares. A vista sobre a cidade, as luzes trémulas do vento fraco que fazia, ou do rumor dos carros que subiam e desciam incessantemente. Beijaram-se nos lábios, as línguas numa ânsia de procura, mas Cristina estava apática e não se conhecia. Rígida, inflexiva. A música era agradável, descontraía. Talvez ajudasse à descompressão que a comprimia de si em si e para si, do todo de si.
Fechou os olhos enquanto deambulavam ao ritmo da música, o rosto dela no peito de samu.E era o Bandarra, a figura patética de um homem encanecido que ousara acreditar numa nova oportunidade da vida, um amor de tipo novo que ela lhe induzira. Mas as palavras martelavam o cérebro e era como se espetasse pregos ou cavilhas. " O grande problema da tua vida, da tua inconstância, do teu desassossego, é o teu pai" Sentia lágrimas e não podia. Parou, disse que ia à casa de banho e adiantou a passada com elegância.
O pai, a figura terrifica que a atormentava desde a infância, bater na sua mami, no irmão e nela própria, violentamente e as palavras, Oh Deus!...o abandono. A coacção psicológica. A escolha a que se vira obrigada. O Bandarra disse-lhe que queria ajudá-la a vencer esse trauma e ela dissera que não era um problema, que o problema era amor, sentir-se amada de uma forma diferente. Mas era. Sentia que era e questionava-se se estaria a fazer, de algum modo, o mesmo com o seu filho. Bernardo!...
Voltou ao salão já refeita, os olhos brilhantes pareciam de emoção. E saíram. Samu acompanhou-a na subida ao quarto e ela estava disposta a deixar-se possuir. Mas já não era fogo o que sentia.
Ele beijou-a de novo à entrada do quarto, envolveu-a com os braços possantes. Os olhos dele, o sorriso, o cheiro. As mãos que a despiam peça a peça até que o corpo se viu como era, a alma adejando por sobre ela indefesa. Sentia-se indefesa e não era um príncipe aquela figura imensa que a cobria de bruma. Passou as mãos pelos olhos, suspirou suavemente enquanto ele, agora ávido do desejo à tanto contido se despia atabalhoadamente, enquanto a cobria de beijos.

Não...Sai... Perdoa tudo de mim, mas sai... e saltara da cama refugiando-se atrás do reposteiro sombrio da janela grande do quarto.
Ficou quieta, tremendo mas firme, até que Samu saiu, surpreendido e praguejando sobre o desfecho de todo imprevisto.
Cristina serenou e submeteu-se à água morna do jacuzzi. Chorou convulsivamente. Chorava e ria. Vencera em toda a linha. A sua alma vencera sobre a intempérie que lhe sobre vinha desde a infância. Bernardo, meu filho, meu príncipe.
Na rua deserta, hora tardia, um homem, uma figura desajeitada, mostrando alguma inquietação, em frente da porta do hotel, do lado de fora, dava passos timidos e descontrolados, como uma sentinela de quartel, de olhos atentos á entrada e saída de pessoas. Era Anastácio Bandarra. Fumava cigarro sobre cigarro e no cérebro apenas um ideia. "Não". O seu cérebro parou nessa palavra de três letras, como a palavra pai, ou a palavra mãe. Era um "Não" intransigente. Suficientemente forte para vencer todas as barreiras. A noite fria não o incomodava. Ficaria até de manhã. Mas era apenas "Não", a palavra incómoda que lhe afluía.
Olhou mais uma vez a porta luxuosa do hotel que se abria e viu a figura dobrada de Samu que saía bufando em meneios desesperados de todo o corpo. Um sorriso. Fechou o punho e gritou. Venceste Cristina! Venceste Cristina! E rodopiou numa dança exótica sem música nem ritmo e seguiu sem rumo, avenida abaixo, cantarolando uma canção de amor desconhecida...
continua...
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É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.
Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.
Aguardo a vossa proposta.

J.R.G.

23/09/2008

O DIA " D " DA ALMA APAIXONADA -Parte II

..Para Samu era um dia fabuloso de glória. Não fora ele que a seduzira, que a procurara especificamente, singularmente, fora ela que viera, se despira de preconceitos e lhe confessara as desditas da sua vida sem rumo e lhe dissera que o amava e que queria consubstanciar essa paixão que sentia diluir-se em amor profundo e continuado, num projecto duradouro rumo ao sonho de ser feliz. Apaixonara-se das palavras que ele editava em espaço publico.
Ele recusara a facilidade das soluções que ela determinava. Era ela quem queria dominar. Dirigir uma relação que ela impunha porque só podia ser verdade que ele a escolhera, ou que através dele alguém ou algo os escolhera para seguiram juntos e amantes.
Fez-se mouco. Sentia que ela era uma alma poderosa, inquietante, sedutora para o estudo que se propusera das almas superiores, mas teria de a por à prova, fazê-la esforçar-se por acreditar consistentemente. Não podia ser como um devaneio. Queria que fosse algo intrínseco, inabalável estruturalmente pleno em toda a sua essência. E estava à beira de o conseguir. Insistentemente foi moldando a personalidade dela, desfazendo certezas. Alimentando convicções que ela transformava em certezas mas já não as dela ainda que lhe parecessem dela.
Seduzira-a na alma e em toda a matéria do corpo com as palavras que lhe escrevia em directo ou subliminarmente, mais estas últimas, as interpostas nas entrelinhas dos textos que lhe redireccionava ao interior da mente. Ele não considerava este método como de manipulação das almas, preferia defini-lo como uma indução consciente à consciencialização das almas.A Psicologia da alma. Ele rebatia as pretensões dela e alimentava o sonho. Indicava caminhos em que ele aparecia distante. Distanciava-se do sonho. Mas era ele o próprio sonho. Agora Sorria. Um sorriso estranho. Enquanto fixava a beleza daquele corpo que se desfazia em simpatia, em sorrisos abrangentes e olhares receosos. E dizia-lhe com os olhos que nada temesse.
Finda a sessão, em verdadeira apoteose emotiva, combinaram encontrar-se no Hall do hotel onde ela se hospedava.
Cristina seguia ao lado de Vitória de rosto fechado, sorumbática, evasiva e distante. Vitória respeitava o seu silêncio.
Anastácio Bandarra era o outro por quem Cristina se apaixonara ao ler as palavras que ele escrevia numa das publicações da cidade e que lhe pareceram tão iguais na forma, na substancia e no sonho que as envolvia.
Anastácio Bandarra era um homem conhecido pelas suas predições alucinadas sobre os tempos que ai vêm. Era um apaixonado de tudo o que cheirasse a fêmea, até bosta de vaca!.. era uma delicia de aroma, porque no feminino..Falava do amor ao outro com uma paixão inusitada que confundia as almas carentes. Ele próprio era um homem carenciado de afectos, mas de seu, só tinha as palavras. Cristina lembra-se de quando ele lhe dissera que era mentira a ilusão que o Sol e a lua se possuíam a quando do eclipse. Era apenas sombra, dissera . Ainda que parecesse, que nos transmitissem essa ilusão afrodisíaca, estavam a milhões de anos luz de distancia. O Sol e a Lua nunca se tocam, amam-se, mas não se tocam. Porque pensava agora nele se decidira que não queria lembrar mais esse devaneio?
_Gostei da festa, estavam todos tão alegres!...
Vitória olhou-a de lado e fez um gesto com os ombros, um piscar de olhos incrédulos.
_Cristina!...Mas tu estiveste na festa? No interior da festa?...
_Vitória, diz-me: Achas que olhar de baixo para cima é o mesmo que olhar de cima para baixo?
_Olha que eu estou a conduzir!...Se continuas com essas perplexidades metafísicas ainda me descontrolo...
_ Desculpa...
E voltou ao silêncio, a Anastácio Bandarra, Bandarra era alcunha, foi o que ele disse quando lhe perguntou se era nome de gente. Advinha dum seu costume de juventude de imaginar os acontecimentos do presente, valendo-se dos conhecimentos do passado. Sorriu. Sem querer, surgiu nos seus lábios, um sorriso erradio, como um gesto desavindo de si, do interior do ser.
Tão parecidos e tão distantes. Quisera vê-la um dia que ficara na cidade. E ela pretextou a sua concepção de infidelidade. Que o amava demasiado profundamente para resistir a um encontro. Que se iriam envolver irremediavelmente em actos de sexo e ela não queria trair o ainda seu marido. Mentira-lhe. Só o amava na ilusão das palavras. Era um devaneio, algo que esse algo misterioso interpusera no caminho da sua alma sofredora, para que definitivamente se decidisse. Estava convicta que tomara a decisão certa.
Chegaram e Vitória disse-lhe que estava atrasada. Se ficava bem. Se precisasse desse-lhe um toque, dentro de uma a duas horas estaria disponíuvel.
Vitória, tão bela, misteriosa, enigmática de um secretismo que a envolvia numa aura transparente mas brumosa, sedutora.
_Não amiga. Fico bem, vou tomar um duche e passar em revista tudo o que vivi hoje.
_E o Samu?..
_Logo se vê!... e riu-se despudoradamente em frente da porta do hotel, do lado de fora.

continua...

21/09/2008

O DIA " D " DA ALMA APAIXONADA

O DIA D DA ALMA APAIXONADA
***
O dia amanheceu cinzento, o que não impedia que uma alegria excitante lhe comprimisse o peito e o pensamento. Cantarolou no banho, em Inglês para não perceber o sentimento das palavras que assim soavam a frio. As mãos deslizando sobre o seu corpo, em movimentos voluptuosos, sobre os seios, o sexo, as pernas bem delineadas, o ânus e tudo a excitava como nunca antes e a inquietava, porque não era de sexo a inquietação, era de paixão.
Estava magnifica e o sorriso aberto, os olhos brilhantes de emoção, o vestido azul escuro orlado a branco nas mangas curtas e no decote acentuado que deixava a evidência sedutora dos seios firmes e harmoniosos como conjunto.
A alma suspensa do lado de fora do seu corpo, acentando que sim, que estava bela e podia confiar que de dentro de si, tudo era perfeito, a decisão de participar na festa, de se encontrar com a alma agora em corpo que a provocara apenas através de palavras e que se fora tornando uma presença forte no interior de todo o seu ser. Era como se a tivesse escolhido, a ela Cristina, sem a saber ou sabendo-a, por absurdo que pareça, a arrastasse.
O esconde esconde acabara, se ele tivesse a coragem de aparecer como dissera.
Incomodava-a que estivesse rodeada de amigos e amigas. Preferia,talvez um encontro mais romântico onde pudesse dar liberdade a toda a compressão por meses e meses de quase asfixia emocional. E entregar-se finalmente, saciar de si e dele toda a a virtualidade do desejo.
É verdade que pelo caminho houve um desencontro, como que uma raiva exacerbada pelo desprezo que sentira na recusa dele em se encontrarem no auge da paixão.
O outro por quem julgara apaixonar-se, ou quisera apaixonar-se em oposição, tinha um estilo parecido na distância, tinha no amor expresso nas palavras, a mesma sensação de absoluto que ela encontrara no amante suspenso, tanto que a confundira e deixara-se enredar e enredara, em palavras sublimes que nunca até então dissera a mais ninguém e ele cantara-a como ela gostava de ser cantada e fizera dela um outro ser, dera-lhe uma outra dimensão que ela possuía amordaçada. Mas quem ela amava, a sua alma a induzia era o que tinha mais afinidades com o seu sonho de mulher.Seria?...
Bateram à porta do quarto do hotel e sentiu um tremor de dentro da alma. Era a Vitória, por certo. Combinaram que a levaria de carro até ao local da festa. Foi ver. E era.
A Vitória era uma amiga de corpo e alma, inteira. Toda ela irradiava alegria, se bem que os olhos, de um castanho diferente, âmbar cristalino, encobria algo que parecia tristeza, mas o sorriso, as gargalhadas esfuziantes que soltava, onde só um sorriso bastava, faziam da sua companhia um elixir de boa disposição.
- E então? Preparada? Cristina olhou-a entre surpresa e agradecida. Só ela sabia desta paixão que a consumia nos dias de silêncio entre si e a alma, diálogos surdos com imagens distorcidas. Olhou-a nos olhos e sorriu.
_Há meses que espero este dia. Tenho tudo resolvido no interior de mim. Sei que o quero fazer...
O local, fora do bulicio da cidade, era aprazível, quase paradisíaco. Pelo caminho foi atendendo chamadas enumeras de amigos e amigas que já tinham chegado ou que iam a caminho, indagando se sempre chegara a tempo, se estava demorada, trocando felicitações mutuas.
Cristina sentia-se a rainha da festa. Seria uma festa dentro da festa. E estava bela, superiormente bela, porque a expectativa de felicidade torna as pessoas ainda mais belas.
Havia gente que falava e ria do lado de fora da sala onde iria decorrer a conferência
Amigos, amigas, desconhecidos e ele. Lá estava, a figura exaltante da paixão, o homem cujo sentido das palavras a prendera, a transbordara da alegria de ser possível encontrar o príncipe vindo das trevas envolto em brumas cativantes. Agarrou com força o braço de Vitória, como se vacilasse e seguiu determinada.
Cumprimentou todos os amigos, os olhos dela húmidos das pulsações aceleradas do coração e fixos na imagem do ser amante, a figura benéfica do seu corpo que se movia em volta da mesa dos bolinhos e canapés. A graciosidade com que pegava no copo do aperitivo. Alto e bem parecido.
_Cristina, estás linda, mulher, espero que questiones o orador com algumas das tuas máximas infalíveis.
_Ana Maria, não me provoques. Vou dizer-te ao ouvido para não melindrar as outras. Tu sim, és a mais linda da festa e já sabes que vim para conviver, aprender, amar de todos vós e ao vivo. Eu sei tão pouco....
Viu-se rodeada de todos eles, como íman que atrai, poderoso e belo. E ria-se. Cristina
Quando por fim lho apresentaram, foi Vitória que já o conhecia, que lhe propusera a ele a apresentação formal e ele acedera, alto, espadaudo, o cabelo grisalho, curto, sorriso enigmático e os olhos perspicazes de falcão real que aquilata do valor da presa. A sua voz soou quente e terna,sem tremor, confiante.
_Há muito que ansiava conhecer-te. Sou o Samu.
As mãos dele nas dela, quentes e húmidas, as dela que tremiam e a voz de Vitória a dizer que apertos de mão já não se usam a incentivá-los ao beijo, ainda que nas faces, a permitir que se cheirassem.
_E eu a ti...Eu sei...
Trocaram beijos lentos nas faces e tocaram-se. Ela sentiu o orgasmo que desde há instantes se perfilava no limite do possivel para se expandir, se soltar de si, das entranhas que estremeciam a cada batidela descompassada do coração. Teve um desejo louco de o apertar de encontro ao seu peito arfante, mas conteve-se ou foi contida por Vitória que a levou pelo ombro, para que entrassem que a sessão estava prestes a começar.
Cristina sentou-se no lugar com o seu nome e a seu lado Vitória e do outro lado de si, Ana Maria, perto, um pouco triste, a aperceber-se da teia que se desenhava, o companheiro de estudos, embevecido da figura dela e talvez perfilado na expectativa de beber um pouco do seu suco amoroso, Pedro Ramires, um homem de um humanismo transbordante em tudo o que tocava.
O orador, cientista da palavra e do comportamento humano, reconhecido mundialmente pelas suas ideias sobre o condicionalismo do individuo face ao e em face do cosmos, extrapolando do cognoscível para o imaginário reflectido em inúmeras experiências com cobaias de pensamento livre, estudos da mente e das almas que se manifestavam em cada vez maior número no sentido do que profetizava.
Cristina fixa no orador e na figura de Samu, o homem da sua vida que se sentava duas filas à frente da sua, erecto na postura que denotava atenção e distanciamento.
Queria ouvir o orador, por vezes alguém a pisava para que despertasse, vendo-a aérea. como não estando no lugar mas em outra instância da razão.
Pelo seu cérebro só dava Samu. A voz dele a seduzi-la. Tudo o que ele representava na sua vida. As cartas em que falaram apaixonadamente do dia em que se encontrassem para se terem. Os projectos a dois onde ela se encaixava perfeitamente como sonhara desde sempre. A aquiescência das almas em sintonia de vontades. O aroma do seu corpo, os seu olhos. Uma dúvida, os olhos ao vivo pareceram-lhe frios, diferentes das fotos sem brilho nem vida. Talvez fosse da surpresa do momento.
A sessão estava agora numa fase de perguntas. Pedro Ramires interrompeu-a, nos diálogos com a alma, para lhe dizer.:_Cristina, que foi que disseste?
_Eu?!...Não disse nada.
_Fizeste uma pergunta, a sala está parada à espera porque não foi muito perceptível.
Fez-se escarlate por sobre a pele morena. Falara, dissera algo?... Só podia ser a tal força de dentro dela que se evadira no silêncio dos pensamentos e conjecturas que fazia. Viu os olhos dele que a fixavam, duas filas à frente. Samu...Julgou que sorriam, os olhos dele.
_A essência. Há um momento em que se subdivide, se reparte em aspectos de alma.
E voltou ao silêncio de ouvinte. O orador explicou, explicitou, sorriu e contou uma metáfora Índia.
_No silêncio das almas, nem "Manitu" ousa entrar...
A sessão, aguardada com tanta expectativa, estava a tornar-se dolorosa. Nem mesmo a pausa para o almoço e em que Samu se juntou ao seu grupo de amigos e falaram apressadamente de assuntos triviais, agora triviais. Os olhos cúmplices a traírem-se dos outros que os viam, surpresos a indagarem ....
continua...


É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.
Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.
Aguardo a vossa proposta.

J.R.G.

18/09/2008

BRASIL - BRASILEIROS - A RECONQUISTA

Brasil. A grande colónia que virou maldição.Era tanta a riqueza e a extensão de território que se julgou que Deus tinha premiado a aventura de um povo pequeno e louco. com um reino Paradísico e infinitamente rico.
Um dia, alguém descobriu que o Brasil perdeu os Portugueses de si próprios. Reduzindo-os a esta incessante procura de uma identidade vencedora que se esvaziou de nós desde que o ouro fácil, os diamantes e o frutuoso comércio de escravos, tudo tão fácil de obter, se estancou lá de onde vinha, para servir uma outra classe de vampiros, gananciosa de poder e que vinha conspirando na sombra contra o envio da riqueza para os madraços de Lisboa.
O Brasil continuou, durante muitos anos, a ser a porta de escape dos que, fracassados nas suas terras, se metiam ao caminho, valendo de tudo para lá chegar: cartas de chamada, clandestinamente a bordo de navios mercantes, como marinheiros ou moços de fretes, e já então através de máfias suficientemente organizadas.
Com o advento da Democracia Portuguesa e o crescimento económico que a adesão Europeia vinha proporcionando, a realidade alterou-se e virou sonho de efeitos controversos.
Os Brasileiros procuraram sair do Brasil em massa, asfixiados por uma inflação galopante, e seduzidos pelos relatos de compatriotas mais ousados que mandavam noticias do novo Eldorado: Portugal. É que se não desse certo aqui, sempre tinham a porta aberta para a E.Europa, onde a riqueza da economia se mostrava consistente e imparável.
Márcia, vivia no estado de Goiás e tinha um pequeno salão de cabeleireira, casada com Flávio, mulher bonita, alegre e plena de vida, não via como mudar o seu Flávio, madraço, vivendo ás sua custas e quando a coisa apertava, virando-se para os pais, pedindo ajuda que sempre vinha.
Um dia, desafiado por amigos e pela irmã a viver em Londres, meteu-se à aventura da nova Europa. Veio só, Márcia e os filhos ficaram a aguardar que ele se instalasse.
Chegado a Paris não o deixaram seguir para Londres. Ficou desorientado sem saber o que fazer. Falou ao telefone com Márcia, falou com mamãe, falou consigo próprio, ouviu os amigos na mesma situação e resolveu seguir para Portugal.
Arranjou trabalho pesado, foi aldrabado, humilhado na sua condição de noviço, mas foi aprendendo. Mudando de trabalho, aprendendo artes e manhas. Inscreveu-se num curso de canalizador e montou uma pequena empresa com outro brasileiro. Legalizou-se e mandou vir Márcia e os filhos.
Márcia chegou e viu em que se transformara seu Flávio. Um homem dinâmico e com objectivos. Um trabalhador exemplar. Os filhos inscritos na escola, Márcia arranjou trabalho numa pastelaria onde já havia outros Brasileiros. E foram alimentando o sonho de voltar a Goiás com um pedacinho mais de dinheiro para recomeçar vida nova na sua terra natal.
Os filhos cresceram, Rubinho, o mais velho já está tirando um curso de informática e elegeu a sua nova Pátria para fazer carreira, Taís, na idade púbere, só pensa em voltar, seus amigos, suas amigas e todo um mundo inventado que deixou há já três longos anos.
O Cruzeiro valorizou face ao Euro e as condições de poupança não são as mesmas agora que eram a quando da vinda. Mas o sonho está lá, como que a justificar a continuidade da descoberta.
Celsinho também tem um sonho, voltar e ajudar sua família, construir uma casa nova, casar com sua noiva que ainda o espera.
Os Brasileiros e as Brasileiras instalaram-se para ficar, como todos os emigrantes, eles ocupam hoje uma faixa considerável em muitos aspectos da vida Portuguesa e estão a mudar Portugal.
São médicos, enfermeiras, cabeleireiras, trabalhadores dos serviços, administradores de empresas, atletas de alta competição, pastores evangélicos...
As cores das suas vestes, a sua alegria contagiante, o seu positivismo face à adversidade, entraram no coração e nos hábitos de um povo que era triste, que sempre foi triste, e que abraçou, desde as telenovelas, uma nova relação de proximidade com a sonoridade da voz e a ternura dos modos. Os brasileiros são hoje uma mais valia para os Portugueses.
Relembro a enfermeira, linda, morena e linda que me falava, cantante:
_Está doendo? Estou sendo mázinha, mas é para seu bem?
E o meu sorriso que aceita a pica sem um ai.

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É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.
Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.
Aguardo a vossa proposta. É uma oferta bonita de Natal ou Aniversário.

J.R.G.

AMAR A ALMA DE ALGUÉM

O corpo é um conjunto de matéria povoada de minúsculos micro-organismos que nos condicionam ou imprimem energia. É um espaço físico em evidência perante os outros, mas é na alma oculta, transparente, estulta ou clarividente, que reside toda a nossa capacidade de amar de nós o que nos é bom e nos permite transmitir aos outros de nós o nosso amor a eles, sendo ainda nós.
A alma está por dentro e do outro lado, do lado de fora de nós e é de onde bebe as interferências cósmicas que nos diferem de um dia para o outro ou em apenas momentos do dia.
Podemos amar um corpo, saciar-nos nele até à exaustão que será sempre efémera, mas amar a alma de alguém, mesmo sem lhe conhecer a matéria, o cheiro e o sabor, através dum livro, de escritos epistolo-gráficos, da voz em off de imagem, do simples imaginário criado no submundo virtual da ideia, é raro e de efeitos devastadores na vivência do presente, de cada dia presente que se prepara para ser futuro.
Quando alguém, a alma de alguém, nos diz que "Somos perfeitos um para o outro, a perfeição não existe em ninguém , prefiro continuar a pensar assim." São diatribes da alma que se inquieta perante o desabrochar de emoções que as palavras suscitam. Porque não há perfeições. O conjunto da frase sai confuso, porque a própria alma se confundiu, mas provoca um efeito na alma que a recebe e que está receptiva. Porquê? Ou " que nunca ninguém me fez sentir assim", a alma sente a importância de ter sido ousada, de ter caminhado ao encontro daquela outra, carente, apaixonada que persegue a substância do amor, o que lhe falta, ou que não conheceu ainda, ou não sabe.
A alma entra em transe, desvario de exaltantes emoções criadas pelas palavras e pelo imaginário em abstracto que se pretende solidificar e lança em jeito de desafio, não à outra que sente já aprisionada, mas a si própria, a ganhar força no sentido e na ênfase das palavras que transmite de si: "E como te quero ter... continuo a ler o que escreveste "tanto fogo que nos arde e não se apaga", não sei que fogo é este meu amor, nem quero saber, quero é senti-lo, sentir-te, lamber-te, sugar-te, beber-te... onde estás? Lá vou eu outra vez."
E é um deleite envolvente. Todo o corpo estremece e sente o estremecer do outro, como se fosse a primeira vez de cada qual.
Mas se do outro lado da alma persiste a dúvida, se procura desanuviar a crescente fixação , a alma forte não desiste. "Achei!...Não vou deixar fugir o que sinto ser o que sempre procurei.
És meu!... Ouviste?..És meu!...Estás aí? Quem és tu? O que fazes? O que fizeste? Porque procuras outras mulheres se amas a tua? Porquê? És um bom samaritano apenas e esperas resolver as frustrações de todas as mulheres que aparecem ou procuras um amor maior para ti?" O desafio inteligente. Se a alma cede, se o que procura é de facto um outro amor maior, entrega-se à insistência que promete calor na frieza do momento. Mas se resiste, é como se ficasse para sempre a dúvida de sentir uma outra face do amor, diferente, a provocar o doce sabor de uma nova vida refulgente onde a bruma cobria parte do brilho que o tempo amaciara. A dúvida instala-se na alma desassossegada e nem a confissão de que se havia enganado, a outra, que se tinha apaixonado julgando ser um outro que não respondia e que as parecenças eram tantas que agora era a alma insegura que viera em resposta aos seu apelos que ela queria amar, sem corpo, sem cheiros nem sabores Bastar-se da alma que sentia nas palavras.Tê-la a todo o custo, quando a sentia desanimar, pretextar evasões."Tenho que te animar, estás sempre a dizer que me desiludo, eu amo-te, esqueces? E adoro ter-te e estou tudo menos desiludida. Nem imaginas como o meu coração começou a bater mais forte há medida que a hora de sair se aproximava, fiquei cada vez mais excitada. Era como se me esperasses lá fora e os teus olhos me procurassem por entre a multidão. Recebeste o email das almas gémeas? É isso que sinto contigo apesar de nunca ter estado ao pé de ti. A sintonia é tão grande que parece que te conheço desde sempre. As sensações que me provocas...E adorei o email-telegrama, fartei-me de rir e puseste-me em fogo, só assim, por pensar em ti, minha alma querida, meu amor."
Que fazer? Uma alma adormecida, descrente dos seu préstimos, acomodada a uma vivência repartida entre o ser e o não ser. O nada subsistente na razão do ser, como um absoluto vindo de uma outra essência de si. O resultado é sempre arrasador. Se subsiste transforma em erosão corrosiva uma ideia que era para ser eterna. Mas se é um devaneio de uma outra alma, ou a força de um desejo, ou a convicção profunda que pretende ter encontrado a razão do ser para continuar sendo, Mas que a meio do percurso inverte, ou por cansaço, ou por lhe surgir , enfim, o absurdo da ideia. Agora com a clareza que a sofreguidão do achado não permitiu ver na hora.
As almas envolveram-se, deram tudo como se fosse a última oportunidade, deram o que não tinham dado a mais ninguém e o que fica na absorção do desfecho ,já esperado mas não aceite, a considerar-se inesperado, é um desespero de ausência a que as almas não estão habituadas. E sofrem ambas. Esbracejam, tentando apaziguar os efeitos colaterais deixados no âmago de si, de onde não é possivel extrair nada, agridem-se mutuamente, onde antes era só amor, ostracizam-se, cultivam uma indiferença que não é possivel e deixam-se cair na melancólica solidão.
Exorto as almas de todo o mundo a que se disponham a uma sã reflexão introspectiva.
Somos apenas uma alma em tantos milhões de almas e não temos como nos controlar. é um enigma. a alma e o que a induz ao sublime ou a perverte criadora de ilusão. Não há certezas, aconteceu.
Não há explicações para os aspectos e os desígnios da alma. Mas devemos continuar a procura até ao infinito. Procurar saber se alma não é o tudo, se para além da alma e do corpo há um outro elemento de nós, de bem dentro de nós, que comanda a alma e toda a consciência do que julgamos saber. Se a essência do ser se reparte em diferentes aspectos do próprio ser, onde a alma é o mais irrequieto, porque se coloca do lado de fora de nós, de onde nos vê, deixando-se sentir sem se deixar ver. Como quando digo a alguém:
"Não vou, nem canso.", e momentos depois me vou de cansaço.
Que força é esta contra a qual não há estratégia de defesa ou ataque possível?
Que nos toma, nos surpreende e nos arrasa...

Nota:
Este Natal ou no Aniversário de alguém especial, ofereça um quadro da vida romanceado. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.
Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.
Aguardo a vossa proposta.

04/09/2008

ENTRE O SONHO E A REALIDADE

Os teus cabelos ondulam ao vento, uma brisa amena, mas suficiente para os fazer mover , como as ondas serenas que beijam a areia da praia, indolentes, tímidas, num deleite luxuriante.
É Setembro, um mês que elegeste, que elegeram à revelia da tua vontade, mas que aceitaste eleger, como se foras tu, o mês "D", o mês do sonho que sonhaste envolto em brumas espessas, inevitavelmente espessas, para que se escondesse de ti o sabor mágico, enigmático da realidade. Uma realidade que sempre quiseste sonho, alimentando de dentro do teu ser, da essência do que és e não te deixa aperceber , o doce sabor e o sentir do sonho que veio do outro lado do sonho.
Está no seu lugar de encanto, o sorriso indizível. As palavras que foram, que são um monumento diáfano erigido ao amor, que despertaram em ti e de ti o sentimento de uma nova paixão..
Fizeste um balanço exaustivo, consultaste os deuses reunidos em assembleia interplanetária, bebeste da sua sabedoria, desenraizaste do sonho a realidade, como um tumor arrancado a frio, choraste a dor.
As tuas mãos finas, delicadas, brincam com os grãos de areia fina que saturam a praia. Grãos que se esgueiram , como sonhos. Que se tornam em pó, que nos cegam, cortam a pele quando o vento se ufana da sua valentia.
Pelo caminho caíram outras realidades que faziam parte do sonho. Ou que se colaram sem querer, sem quereres, porque a ansiedade de ser verdade te fez acreditar que eram a realidade do sonho. Não foi da tua vontade, colaram-se. Enganaram-te nas entrelinhas das palavras que indiciavam príncipes e castelos rodeados de espaços verde de evasão.
A vontade é tua, o sonho é teu, não viessem, não se atravessassem no teu caminho de fantasia que buscava uma realidade concreta. O amor.
Encontrar o amor por quem sempre foste apaixonada e que é a razão maior de todo o teu viver. O amor que tu amas é uma alma imensa sem corpo, advinda de sonho em sonho, inconstante na forma e no ser que contróis, ou que se contrói na tua poderosa imaginação. Sentes que os corpos que te amam, que te amaram , não têm, nunca tiveram alma. São voláteis à volta do teu corpo, porque te moves acima, estás por fora deles que rodopiam nas brumas da névoa que cobre o mar e te impede de ver e impede que te vejam.
Quando o teu corpo dorme a alma desperta sonha. Sonhas sempre .Quando o teu corpo relaxa e pensas, devaneias no ideal que que almejas, é um outro sonho que se pretende afirmar, que arreda outros, e assim até ao infinito de ti enquanto vida.
Conheci alguém que fez de viver um romance. Sonhou que a vida era um livro imenso, desordenado, de páginas em branco, a que haveria de acrescer imagens escritas ou pictóricas, à medida do tempo. Foi um tudo e um nada em constante desarmonia na busca de verdades inexistentes e a cada descoberta do embuste, refazia-se no ideal que um dia, se persistisse na senda da procura, terminaria o livro com sucesso.
É um tudo ou nada
Queres amar, queres ser amada de uma forma que só tu sabes, sem cedências, sem limar arestas, porque tudo é perfeito. Está tudo idealizado em ti. Os tempos certos. O perfil. A definição dos espaços. A partilha de ambições. A conquista antes do sexo. O namoro eterno. As festas, os amigos. Estás apaixonada. Plena de evasões alucinantes. Os teus olhos brilham, o teu corpo inquieta-se, estás no meio so sonho e tudo se encaixa como previste. Agora é a sério, real, definitivamente real. Os teus pés movem-se em movimentos dúctis, graciosos, as mãos como asas e os olhos elevados, rompendo as brumas que insistem numa última tentativa para te ocultar, mas o sol brilha no seu lugar ainda eterno, desanuvia os flocos da névoa marítima. Firmas-te ansiosa, o coração em palpitações arritmicas, uma sufocação na garganta que procura soltar sons, os sons que se aglomeram da parte da alma aprisionada, num outro espaço de ti que ainda não visitaras.
É um som cavo que te sai da garganta ressequida pelo sal que aspiras e porque julgas ver um barco que se aproxima da costa, que não viras antes, que surgiu de súbito por entre as farripas de nevoeiro que se esfumavam por acção do sol. E de dentro do barco, imponente, o sorriso brando, enigmático, uma figura estranha que sempre amaste de antes do dia que elegeste como " D ". E viste que do mar tão manso uma onda sem nexo. De onde esta onda? se preparava para cobrir o barco, afundando-o . E pensaste que afundando-se se afundava o sonho e a realidade.
E gritaste. Correste em pânico por água adentro, numa tentativa vã de evitares o desastre que se sentia . O barco lentamente submergindo e a figura estática do teu príncipe, inalterável na postura. O sorriso. Gritaste mais forte. Não!!!... Sim ouviste o teu grito...
E acordaste no sonho, ainda sonho, um outro que se sobrepusera, a perguntares se era verdade, se tu própria eras de verdade, se eras sonho se eras realidade.
E acordaste!...