28/11/2009

O QUE EU AMO NA MULHER

claro que não são todas as mulheres o meu encanto
não são cabelos curtos compridos emplumados
nem que sejam doirados ou escuros
separo as almas que são quebranto
as que em devaneio sonham principes encantados
as que tecem urdiduras e me metem em apuros
*****
não são esbeltas formas corporais
nem perfumes de nuances excitantes
tão pouco seios ou sexo promessas virtuais
***
não sendo eu embora a perfeição
nem o mais colorido de todos os amantes
não cedo a caprichos fúteis do coração
*****
o que amo na mulher é o carácter sedução
é a sua infinitude na partilha do amor
é ser do saber a mais humilde claridade
é capaz de ser menina no limite da razão
é a sensualidade de viver comum na dor
é ser esperança e alegria em cada etapa da idade
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autor: JRG

21/11/2009

THIERRY HENRY - UM GESTO QUE RESSALTA DA MEDIOCRIDADE GERAL

""Thierry Henry pediu ontem a repetição do França-Rep. Irlanda (1-1) - 2ª mão do play-off de acesso ao Mundial de 2010 - mas a FIFA reagiu com um rotundo 'não'. "Lamento imenso. A Irlanda merecia estar na África do Sul", disse o francês.""
Esta noticia, inserida no Jornal Correio da Manhã de hoje, é uma manifestação de lealdade a si próprio, enquanto homem, e aos outros, num mundo, o do futebol, em que os valores estão todos adulterados pelo vício e o negócio de milhões que representa.
A noticia surpreendeu-me positivamente, é uma gota de alva ou doirada preciosidade, nas relações do homem consigo próprio; como seria tudo mais fácil se cada um reconhecesse que os valores dos outros são muitas vezes silenciados por um ardil mesquinho, por uma ilusão de aparência, por um momento de desconexão com a realidade conjunta; como a complementaridade das relações homem mulher não se reduziria a um toque sensual da personalidade, mas a ela em concreto, o amor é poesia e a poesia nem sempre rima, por vezes corre solta e desabrida, rebelde, intempestiva e não deixa de ser bela, apetecida...; como as relações de trabalho na sociedade assumiriam uma equitativa racionalidade na redistribuição dos proveitos e das responsabilidades; como a convivência do homem com o Planeta, na sua diversidade, espécies, ambiente, consubstanciaria uma perene qualidade de toda a vida.
Obrigado Thierry Henry, serás provavelmente ostracizado na poderosa França, mas permanecerás um exemplo de dignificação da espécie humana, pela arte ímpar com que jogas a bola e a humildade do ser que não se esgota nos conluios que os lobbies tecem.
autor: JRG

19/11/2009

7 VAGAS E O MAR AMANSA

cinco homens dentro do barco
quatro diabos aos remos
um ao leme é o arrais
o mar encapelado de manso parco
a cada 7 vagas o mar é chão avançaremos

grita o mestre para os demos
a Lua num momento sob nuvens oculta
ou a iliteracia de quem o dever erra
por ventura a incerteza do que é dado como certo
uma vaga imensa de súbito se avulta
só o mestre a vê e grita ou berra
rema "caralho" rema tirem-nos deste aperto

os homens remam com a força inconsciente
de encontro à poderosa onda tresmalhada
e no embate brutal a proa sobe a pique
há um que arrancado ao banco o remo perde e sente
o barco rasga a onda que ruge e se desfaz apavorada
e faz-se ao mar que acalma da ânsia a psique

autor: JRG




18/11/2009

VEJO-TE...MULHER!

vejo-te
**
doce e bela
pura
inebriante
sábia mulher singela
mulher cultura
mulher amante
*****
vejo-te
**
incandescente
linda vistosa
sedutora
mulher semente
mulher poderosa
mulher criadora
*****
vejo-te
**
luz rutilante
casta ternura
origem e fim
mulher vibrante
mulher que o tempo apura
mulher aroma de jasmim
*****
vejo-te
**
andar segura
resplandecência majestosa
mãe amante
mulher vitima da usura
mulher sonho maravilhosa
mulher instante
*****
vejo-te
**
e fico apaixonado
de ser na tua alma reflexo
um êxtase na magia
mulher de culto sublimado
mulher fêmea sexo
mulher maior do ser apologia
*****
autor: JRG

17/11/2009

HAVIA O TEMPO CERTO E SOLTO

havia
antes da divisão do tempo
em segundos minutos horas
dias meses anos
um sentimento de tempo infinito
sem pressas contornos limitações
apenas o sol a lua
o vai e vem das marés
as estrelas marcas nocturnas
a sazonalidade dos ventos
das chuvas
dos fogos dentro do Estio
*****
havia
antes da reinvenção da escrita
sabemos porque está gravado nos genes
um tempo indelimitado
sem contadores de esperança de vida
sem compromissos temporizações
sem horas de fazer de pensar
embutido de eternidade
e no entanto
havia o momento certo de caçar
de dormir
de fazer sexo ou fornicar
*****
havia
muito antes da eclosão
mágica ou cientifica da linguagem
uma indefinição do tempo
e do lugar onde ou de aonde
perante o que a liberdade
era um espaço vital
o medo o mal a esconder
a força
ou o ardil
uma nuance feroz
de viver
*****
havia e há
uma sensação biológica
ou cósmica
de ser ou estar
sem correntes de tempo
sem espaços limitativos
sem propriedade ´
pública ou privada
sem castigos divinos
nem hominídeos
sem leis servis
que adulteram o ser e o tempo
autor: JRG

16/11/2009

A SOLIDÃO DO HOMEM

há quantos milénios o homem...
nascer caçar com que comer
fingir ser forte para que o tomem
como capaz de a si e aos seus valer

e nesta senda de melhor viver
foi descobrindo em si a mais valia
que é ter vivido o tempo de sofrer
que o outro a começar ainda não sabia

começou por criar uma família
e fez do tempo um indutor da veneração
filho és pai serás santa homilia
insuficiente para enternecer o coração

criou o estado social para chegado ao termo
não depender de esmola nem comiseração
exercitou doutrina novo humanismo a esmo
e vê-se preso do egoísmo que o condena à solidão

não há volta para quem não acredita na evidência
que o caminho é sempre igual apenas mais extenso
só o amor da alma sobre o corpo, em penitência
permitirá ao homem resolver-se como o penso

autor JRG

DOCE ILUSÃO DE AMOR

tão doce o teu olhar
os lábios esperança
o sorriso verde mar
rosto belo de criança

que fiz eu para merecer o teu silêncio
ousei dizer que amava a tua alma amizade
se provoquei a tua ira me penitencio
é poesia o que em ti sinto é liberdade

tão doce imaginar
como pulsa o coração
duma mulher linda a se dar
aos cuidados da razão

neste jardim de que cuido com desvelo
para ser o teu palácio na majestade de rainha
há um palpitar de anseios que não revelo
sempre que toco a flor liberta d'erva daninha

tão doce sentir
a emanação do teu odor
em palavras florir
sentir o fogo a teu favor

autor: JRG

A POESIA CORRE EM CASCATA SIBILINA

a poesia é um riacho
de água cristalina
se purifica encosta abaixo
na plavra do poeta sibilina

vem desenfreada na torrente
salta sucalcos que o leito cava
na confissão o poeta torna urgente
dizer que a água também suja quando lava

desce docemente e limpida
confessa a sordidez do apetite
é homem também o poeta que liquida
a conta ancestral que pede quite

de repente um declive acentuado
que belo a poesia em cascata
o poeta em confissão impudorado
diz que basta para nó o da gravata

e dito isto para que o não pensem confuso
o poeta adensa a sua vida de mistério
a poesia é o estado da alma a que falta o parfuso
libertina é um riacho que corre norte e sul o hemisfério

autor: JRG

01/11/2009

TROCADILHOS EXPRESSIONISTAS

Da capa da revista Sábado de um dia destes:

Amorim para Joe Berardo: - Sabes o que me disseste do Jardim Gonçalves?
Joe Berardo para Amorim: - ???!!!
Amorim para Joe Berardo: - Tinhas razão!...

Do trocadilho de "Tem a Palavra o Povo:"

Jardim Gonçalves para Amorim: - Lembras-te do que me avisaste sobre o Joe Berardo?
Amorim para Jardim Gonçalves: ???!!!
Jardim Gonçalves para Amorim: Tinhas razão!...

Joe Berardo para Jardim Gonçalves: - Mantens o que me falaste sobre o Amorim?
Jardim Gonçalves para Joe Berardo: - ???!!!
Joe Berardo para Jardim Gonçalves: - Tinhas razão!...

Eles são apenas testas de ferro de um polvo gigante que nos suga o sangue, nos amedronta com o desemprego, nos condiciona o amor. Testas de ferro sem qualidade, sem carisma, sem charme e isto quer dizer que o polvo está a perder a sua força, face à enorme onda de amor que cresce em todo o mundo, pelo próprio mundo, não já só o humano, mas todo o Planeta, suspenso das noticias de novos agravamentos da sua sustentabilidade.