24/10/2010

SUBI A SERRA DA ARRÁBIDA...AMOR

pôr do sol - Arrábida..imagem net
***
subi a serra da Arrábida
por entre selvagens orquídeas
carreiros de terra batida
verdes arbustos brisas melodias
***
que descem abruptamente
as vertentes de luz luxuriantes
até ao mar de azuis luzente
meus olhos nos teus tão amantes
***
estavas no cimo sentada
saia curta de flores silvestres
olhavas o sol encantada
entre cheiros e amores campestres
***
na paz do teu sorriso doce
mil sóis rutilantes na descida
fogo de amor como se fosse
a serra e não o sol a engolida
***
não vi águias de bonelli
nem golfinhos sulcando estuário
só o sol no ocaso onde te li
em redor dos teus olhos usuário
***
em ti chegado a tal altura
meu beijo e o teu se misturaram
entre mar e sol odor verdura
a serra que antes outros pisaram
***
colamos a alma num abraço
nosso grito ecoou por um atalho
onde sem pudor nem embaraço
estremeceram os corpos num abalo
***
autor:jrg



21/10/2010

O QUE EU SOU...

imagem net
***
sou um corpo em vias de extinção
já fui mar e vento tempestade
criei mais valias onde eu era a ilusão
sou um corpo vencido fora de validade
***
assim aberto ao que me resta
entre dislates de uns e a sensaboria
de gente estulta que não presta
a revelar meu mundo em verso poesia
***
cresci num ambiente rude semi selvagem
tive sonhos e pesadelos de grandeza
de terra em terra nem sempre fui de coragem
para escolher os caminhos da vileza
***
segui meus passos desde a adolescência
calcorreei a praia areias escaldantes
uma alcofa de sonhos gelados em permanência
a acalmar a sede fogosa dos amantes
***
fiz blocos de raiz areia e água com cimento
bate-chapas mecânico e amanuense
amei meninas ricas e pobres sem cabimento
na guerra aprendi que ninguém vence
***
fui pescador puxei as redes como um boi
remei nas ondas contra a maré
nos desafios da vida o que mais dói
foi não ter sempre seguido pelo meu pé
***
dei aos outros maior lucro e primazia
o trabalho dignifica o povo humilde
quando por magia me cresce a demasia
ocorre um facto novo que regride
***
hoje ainda aprendiz de sobreviver
cultivo amor de amigos na intemporalidade
se houver quem me queira descrever
não encontrará nada que seja de verdade
***
só a alma sobrevive na palavra escrita
criador de ilusões alimento da esperança
nem deus nem pátria sou um eremita
um vagabundo sem leis menino criança
***
autor:jrg

18/10/2010

MEU GRITO DE ESPERANÇA

talvez Renascer...foto de Carla Sofia Ferreira

***
sinto o teu abraço pleno de amor
no sentimento da amizade
enquanto chove pondo calma no calor
o mundo plana de ansiedade

por todo o Planeta se grita se protesta
só os fora da lei se abastecem
é tempo de dar as mãos pondo fim à festa
das mentes criminosas que nos regem

os recursos à beira do esgotamento
a criatividade amordaçada
em nome dum voraz financiamento
que esgota até do dia a alvorada

quero saudar a tua voz linda mulher
esperança dos desesperados
símbolo da criação e de quem souber
que és mãe até dos desnaturados

um novo alento me ocorre um calafrio
uma paragem total no feminino
até que as águas turvas do rio
se purifiquem e corra limpo cristalino

nem sexo nem beleza ou maternidade
fim da cama mesa e roupa lavada
só o amor e a justiça em liberdade
de todos como um só na nova sociedade

ergo meus olhos febris à luz ausente
penso dentro de nós a solução
somos um novo poder vivo e presente
fim a este extermínio da razão

jrg

14/10/2010

ESTA GENTE QUE SOMOS... PORTUGAL!... - III

galgámos serras por montanhas e valados
descemos rios até ao mar imenso
ai chegados ficamos hirtos deslumbrados
só com o tempo achamos o consenso

**
ainda há quem pense ser o mar fim do mundo
assim como as nuvens escondem deus
melhor que cansar pensamento mais profundo
é rir do saber à deriva pelos céus

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viemos de Viana de Caminha ou de Monção
Valença Braga Guimarães Bragança
descemos Portugal famintos sem condição
armados de burnal vara-pau e cagança

**
passamos o Marão de Miranda até à Guarda
Viseu e Covilhã Coimbra Leiria Lisboa
sendo a Capital se mantinha na vanguarda
para gáudio dos espertos que tinham vida boa

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também do Algarve e do Alentejo em vastidão
arribando humildes alegres ignorantes
engrossamos correntes evasivas da emigração
sempre adulados servindo falsos amantes

**
É em Lisboa que a Lusitânia se mistura
se cruzam genes do mundo inteiro alma dentro
cantados os nossos feitos em literatura
para melhor nos aglutinar por junto ao centro

**
criamos a alma Pátria Lusitana ou Portugal
exacerbando nos antigos nosso orgulho
herdamos de algum outro povo a emoção natural
solidários na tragédia frenéticos no barulho

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muitos são gente boa de exuberante humanismo
outros são religiosos que não praticam
poucos têm consciência que ladeamos um abismo
seguem indiferentes o rumo que lhes indicam

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a droga dizimou meninos e meninas de esperança
peste que encravou a nossa modernidade
no desespero mal amados perdemos a confiança
só nos falta fixar o termo de identidade

**
que fazer ante tamanha inquietação e destemor
educar formar vencer toda a resistência
reinventar de novo agora a sério a palavra amor
e espalha-la sem nome mas em consciência

**

autor:jrg

13/10/2010

ESTA GENTE QUE SOMOS... PORTUGAL!... - II

nascemos pobres ou ricos tanto faz
se educados somos meninos da mamã ou do papá
viver em tanta fartura e não ter paz
é dos genes ou cromossomas mutações na hora H

se pobres somos corrécios gentinha Zé povinho
carregamos a tragédia ou coitadinhos
apodamos os ricos de ladrões entre pão e vinho
na tasca onde ganhamos coragem sozinhos

sendo no trânsito os melhores condutores
vociferamos aos lentos e faltosos
descobrimos nas filas invisíveis corredores
os outros é que são os criminosos

chegar primeiro à posição mais conveniente
pisar fraudes e canteiros de flores
corromper para ganhar perdendo a demais gente
desgastar a vida em copos e amores

ter um negócio legal quase falido
estabelecer uma corrente de economia paralela
impostos paguem os tansos sem bramido
a honra é uma aparência e a crise uma balela

há todavia em rigor uma só situação
em que nos empenhamos intrépidos palradores
no futebol na politica não abrimos mão
somos árbitros legislamos e exímios treinadores

subir à cunha que a pulso faz doer o cotovelo
defendemos o produto enganamos o parceiro
agiotas de moeda e pensamento somos com zelo
cada um é em si mesmo por demais porreiro

no amor somos de natureza os melhores amantes
colmatamos as fraquezas com a violência
na rua beijos em casa indiferença entre estantes
as mãos e as palavras perdem paciência

somos em multidão gente invejosa e enfurecida
seguimos o mote do que parece mais forte
perdemos sempre salva a desproporção devida
mas cantamos vitória seja no sul ou norte

o que mais me impressiona nesta nova Lusitânia
é a falta de unidade em torno do bem comum
os sábios zarparam todos com medo desta insânia
que a inveja e a usura tornaram ad eternum

autor: jrg


12/10/2010

ESTA GENTE QUE SOMOS... PORTUGAL!... - I

a alma da gente Portuguesa
nascida de entre sangue e flores
é um cruzamento da natureza
que realça o ódio e os amores

imagino um povo pária acossado
na história chamado Lusitânia
vindo sei lá donde esperançado
de escapar à barbara tirania

tribos pré celtas e mais iberos
que nestas terras se fixaram
depois galaico lusitanos perros
que os romanos arduamente conquistaram

após a queda do Romano Império
suevos vândalos visigodos
alamos búrios mouros vitupério
da original virtude a rodos

desta mistura o sangue se apurou
uma pitada de cartagineses
e fenícios de visita que chegou
eis quem somos nós os Portugueses

depois de mal contidos na nação
zarpamos pelos mares adentro
na ânsia da conquista pelo pão
se foi agravando nosso tormento

cruzámos espécies em nome de deus
cuidando que seriam apagados
por todo o mundo descobrimos céus
de amor e morte foram povoados

o que aprendemos foi a artimanha
de viver em caos e permanente
sábios de bazófia alguém nos ganha
só quando encurralam nossa gente

então fazemos logo de mendigos
são outros não nós que maldizemos
fossos que cavámos são antigos
não é nosso o buraco que ora fizemos

iletrados distraídos na jactância
deixamos sair grandes crânios
atraídos pelo fausto da ganância
exportamos suco importamos sucedâneos


autor: jrg

09/10/2010

TEMPESTADES

foto de Carla Sofia Ferreira
o Planeta gira à deriva
contrário à lei cósmica global
seis biliões de gente
que da morte não se priva
nem do medo visceral
que os arrasta na torrente

são deuses agnósticos
sementes de amor e ódio
todos iguais todos diferentes
sejam tratantes ou médicos
sábios fora do pódio
cientistas prepotentes

acontece tudo ou nada
tão de repente
visto da praia suada
dentro da gente

o mar ainda sereno
o sol memória
a meio da trajectória
o vento ameno

a maré enche os esporões
já não há abrigos
nem cardos nem chorões
sobre os médos antigos

lentamente a brisa
vira a sudoeste
engrossa a água frisa
torna-se agreste

traz o cheiro da maresia
nuvens carregadas
escuras encurtam o dia
vagas encapeladas

cresce o mar impetuoso
nas ondas irrequietas
sem tréguas do tempo ventoso
alegres assustam profetas

uma rajada de vento forte
o areal estremece
altera os médos a sul a norte
uivam os cães se anoitece

formam-se cristais
em volta de estranhos objectos
solta a sinfonia de sons abissais
raios trovões despertos

abana o corpo frágil
na ousadia se fosse mulher
o rugido no vento táctil
a fazer sentir o seu poder

ribombam ondas imponentes
que rebentam com fragor
voam gaivotas imprudentes
renasce a emoção do amor

não sou um intruso
ensopado  na chuva
de todos os continentes
estou alegre e confuso
sou o homem à beira da curva
colhendo as sementes

não sou um intruso
antes um elemento nefasto
que a tempestade acolheu
rosca sem parafuso
rês tresmalhada sem pasto
sem medo da noite de breu

autor: jrg

08/10/2010

EFABULAÇÕES SOLARES


imagem de Carla Sofia Ferreira

{#emotions_dlg.sol} 
o poeta sente na imagem a poesia
que a fotógrafa capta com emoção
o sol se liquefaz de alegria
por entre as cores do dia em explosão
{#emotions_dlg.blueflower}
parou por um momento a condução
tal o efeito que no olhar sentiu
mal podia conter o frenesim do coração
para fixar a imagem que eclodiu
{#emotions_dlg.redflower}
o poeta ao ver tão belo enquadramento
na simbiose da cor a luz subtil
regista palavras no poema em movimento
que a imagem da foto torna inútil
{#emotions_dlg.star}
os dois trocam olhares de cumplicidade
a fotógrafa tem na alma o Alentejo
o poeta nos olhos o mar de sensibilidade
o sol que já foi deus d'amplo cortejo
{#emotions_dlg.bouquete}
na memória do homem ainda o fascínio
que exalta a emoção pelo poente
só gera amores livres do domínio
por ser a arte deste belo a componente
**
autor do poema: jrg

07/10/2010

LIBERDADE

imagem de Carla Sofia Ferreira
{#emotions_dlg.bouquete}
em Marvão entre muralhas
as grades da solidão
são nostalgias que talhas
no fundo do coração
*
tão bela a planicie doirada
serena no teu olhar
por entre grades gravada
para de noite sonhar
*
na memória de quem sonha liberdade
a imagem tem um sentido perverso
as grades simbolizam prisão na verdade
como o sorriso oculta estado inverso
*
na alma que fixa a objectiva
sonha da solidão a dor
dando forma à imagem positiva
sensível motivo interior
*
tirado o véu que sempre oculta
do imaginário a razão
a foto é liberdade onde avulta
alma pura de emoção
**
autor: jrg

06/10/2010

ARCO-ÍRIS

{#emotions_dlg.bouquete}
 
recordo a fascinante alegria
quando o sol Primaveril
me soltava da chuva a magia
ao meu olhar infantil
{#emotions_dlg.blueflower}
sinto a mão firme ao clicar
a lembrança de menina
arco-ìris céu azul a se soltar
uma lágrima pequenina
{#emotions_dlg.sol}
a silhueta dos ramos desfloridos
mãos erguidas de esperança
côres maviosas de alegres sortidos
risos cristalinos de criança
{#emotions_dlg.rainbow}
terra escura olhos mágicos
amarelo verde rosa
fenómeno efeitos cósmicos
que o meu poema glosa
{#emotions_dlg.meeting}
nesta arte maior meu sortilégio
no sentir a alma da imagem
saída da essência do ser egrégio
que sente e fixa com coragem
{#emotions_dlg.orangeflower}
sensível ao toque ao movimento
dentro e fora do corpo à luz
a simbiose de todo um sentimento
de quem ama e de amor seduz
{#emotions_dlg.lua}

agora já não estranho o sentido
ou semelhança com provocação
do sorriso nos lábios contraído
antes lhe acho a alma o coração
*
autor :jrg

03/10/2010

INTERPRETAÇÕES BÁSICAS...

o que eu amo, não é tanto a língua Portuguesa, ou outra...extraída do código da linguagem...mas a dos olhos...que não mentem...

o homem substituiu a linguagem original dos afectos, o cheiro, o tacto, o sabor, pela linguagem libertina dos conceitos...laboratório de hipócritas interpretações...

a resistência para a implementação de uma só língua Universal que aproxime os povos da ideia de que somos uma imensa solidão num ponto do Universo à beira de explodir, assenta no medo dos lobies, enquanto estruturas secretas, duma evolução racional substantiva, que liberte a humanidade do conhecimento e da sabedoria...

autor:jrg

02/10/2010

O TRIUNFO DA MEDIOCRIDADE

O Dr. Mário Soares disse há dias que as últimas colheitas de políticos são de má qualidade...Há mais de 10 anos que ergo a voz afónica  para classificar as últimas 2 décadas como o "Triunfo da Mediocridade"...quando constatei já não ser tido em conta o :esforço de aperfeiçoamento, mas a esperteza de gerar riqueza...vender o produto fabricado, mas apenas colocá-lo no mercado para gerar facturação que movimente mais valias nos mercados financeiros...promover a excelência, mas proteger toda uma cáfila de agiotas do pensamento que suportam o sistema...
A má colheita, ou mediocridade, não existe apenas na classe política, não é de origem e fim da Portugalidade, é geral de toda a humanidade...e atinge todos os sectores...a medicina...as artes...a ciência...as relações inter-pessoais... os sistemas económicos...a educação...
É o prenúncio de uma nova era que vem sendo sem pompa anunciada...onde a mulher assumirá um papel de maior relevância...porque ela é o pleno de três vectores fundamentais: mãe..amante..."o ser"... mais próximo do absoluto...
jrg